SÃO PAULO - Os resultados operacionais e financeiros da Vale ( VALE3 , VALE5 ) divulgados surpreenderam positivamente o mercado financeiro. No terceiro trimestre, a mineradora registrou lucro líquido de R$ 3 bilhões, o dobro do apontado no segundo trimestre, mas 61,3% inferior ao resultado dos meses de julho a setembro de 2008.
Ao mesmo tempo, seu Ebitda (geração operacional de caixa) veio melhor que o esperado pelo mercado. Enquanto analistas aguardavam algo em torno de R$ 5,1 bilhões, a Vale registrou Ebitda de R$ 6,031 bilhões.
No caso das projeções da Itaú Corretora, este resultado veio 26% acima das estimativas, enquanto na relação com a projeção do Citigroup ele foi 11% superior. "A performance do ferro foi excelente: os carregamentos cresceram 36% entre os trimestres, os preços realizados subiram 20% e os custos caíram 4% na mesma base de comparação", comentam os analistas do Citi.Minério de ferro protagoniza o trimestre
Para a equipe de research do Citi, entre os principais fatores que contribuíram para o forte desempenho da empresa está a performance do ferro. Os analistas explicam que no terceiro trimestre os volumes vendidos cresceram, ao mesmo tempo em que os preços subiram, resultando em crescimento dos lucros.
"A média de preço do ferro foi de US$ 57 a tonelada, valor acima dos US$ 50 do segundo trimestre", apontam. Além disso, os custos também caíram de US$ 20 a tonelada para US$ 19/ton.
Para os analistas do Banco Fator, o principal ponto positivo do resultado foi justamente o aumento do preço de venda do minério de ferro, cujo preço médio em dólar foi 19% maior (comparação entre o 2º e 3º trimestre) em função do melhor preço no mercado spot (utilizado nas negociações de preço em 2009).
O time de analistas do Itaú também concorda e explica que a alta dos preços do minério de ferro foi influenciada pela melhora das vendas à Europa, que representaram 15% do volume total vendido, e do preço mais alto do produto exportado à China.
Eles falam que o volume do minério de ferro totalizou 73 milhões de toneladas, o que significa alta de 36% em relação ao trimestre anterior e um resultado pouco acima das projeções (70 milhões).
Além disso, o time do Itaú comenta que o volume de vendas à China também cresceu, contribuindo para que a empresa voltasse aos níveis de antes da crise. "O principal destaque foi a venda de 40 milhões de toneladas à China, com as siderúrgicas substituindo os fornecedores locais e importando mais", comentam.
Eles também veem com bons olhos as vendas de 11 milhões de toneladas à Europa (crescimento de 110% entre o 2º e o 3º trimestre) e 8 milhões ao mercado doméstico brasileiro (+78%).
Níquel
Além do minério, os analistas também analisam os resultados da divisão de níquel da Vale, que por causa de greves em suas unidades de produção no Canadá apresentaram números menores. "Os resultados do 3º trimestre poderiam ter vindo melhores se a divisão de níquel da empresa estivesse operando normalmente", comenta a Itaú Corretora. O volume ficou em 53 mil toneladas, 28% a menos que as projeções da corretora.
Eles comentam que caso as greves permaneçam, os volumes do níquel e de outros produtos como o cobre podem cair no próximo trimestre dado o nível baixo de estoques.
Perspectivas
Analisando o cenário futuro, os analistas do Banco Fator comentam que "a expectativa para o setor é positiva, e a despeito das negociações de preço com a China para 2009 não terem sido concluídas, o mercado espera aumento de preço para 2010".
Ao mesmo tempo, a equipe do Itaú projeta que a Vale deve registrar resultados sólidos no próximo trimestre alimentados pelo crescimento do volume de vendas à Europa, no Brasil e ao Japão.
Porém, eles alertam que o volume de vendas à China pode cair, como um movimento sazonal (dado o alto nível de estoques), o que poderia influenciar negativamente no preço da tonelada do ferro. "Contudo, esperamos que esta correção seja forte e constante por um longo período", concluem.
Fonte: br.noticias.yahoo.com
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